sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Que comece o número da
chuvada vangloriosa de chuva.
Que gritem de aviso e escárnio
por uma maldição de silêncio.

Um homem de pele frouxa
e pouco ânimo chega.
Assobiou melodias no seu caminho
e nada falou.

É sim, aquele o horizonte,
Apontado como criminoso e incendiário
de todos estes fios em chama.
Arranquem o dedo parasita,
Amante de boca e desviador de olhar
Prendam esse meu malfeitor!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Oniric Destinations


All doors in line,
With all its arcane contents,
That if it opened and inspected,
That if it naked and enjoyed,
No crumbs from the trail will prevail.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Tempestade que faz chover suavidade

Vem. Aproxima-te, rajada vetusta. 
Estoiras cordas, chicoteias notas! 
Uma rajada, já há muito morta, 
julgava eu. 

Como um flato marcando presença, 
Impetuoso no meu redor. 
O pó evolando-se desde o chão, e corria mais. 

Eu, gargalhava grotesco, 
Reunindo cinzas em prudência,
Como que um abastardado pronto para a sua espiral.
Arrastou-me sem sequer me agarrar.
Arrastou-me, esta doce forma de ser.

Morta! Estás morta!
Olhei a tua fogueira com clareza!
Vi o teu fumo a penetrar ares,
E as cinzas! 
As tuas cinzas adejaram, olhei-as.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Cogito

Estou de volta disto encarquilhado, 
Sem saber sequer por onde lhe pegar, 
Sem cigarros onde meter fósforo, 
Sem a única tremenda e inútil que me resta de valor:
Sem a peça de final do puzzle. 

No engrolo presente, e por sinal ficado, 
Deixo intacta a fusão e a luta antecedente 
Entre o meu eu e o eu.
Com certeza nunca possuí todo o engenho. 
Aquele idealizei. 

Apenas alguns daqui e dali, 
Apenas algumas sentenças já gritadas, 
Rezas a um deus interior que nunca conheci.  

Mesmo estando ciente que este procrastina-se 
Até se criar num montão de pó, 
A alma nunca está só,
 E talvez seja por isso este animal hibernado, 
Deleitado à sua aparição o mais tardar. 

Perdura e o montão aumenta, 
Nunca esquecendo a verdadeira fibra de que é feito, 
Rijo perdura, à espera do sopro no momento certo. 

Nunca fora decerto igual, 
Nem isto nem eu próprio. 
A vida que o diga. 
Essa, que vos conte em forma de fogueira no vosso meio. 
Ela, que me estendera os lençóis da candura, 
Que apontavam, largando lume. 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Um tanto de fel

Trambolhões aziagos, de fé enriçada,
A lembrar bolas de feno,
De ares atrasados e nem uma jangada 
Que os suporte mais.

Evadam-se.
O vosso calor já é de cheiro.
Descubram-se mitificados
Por mim, à saída de mim.

Carrego necessidade de vós,
Mas no mesmo fardo
Vêm junto as vossas teimas,
Os medos, anseios, e guardo
Sem pensar, ou melhor,
Sem que vocês actuem.

Caros abstraios,
Relembro-vos que o vosso cargo
É o de penso de mente.
Correspondo o escárnio usando-vos,
Já que não consigo frear-vos mesmo que tente.



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

X

Que incógnita fantasmagoria, este histrião,
De traços bem cruzados, bem evidente
Na sua denotação risível, facilmente lembrada,
Vem a ser este?

domingo, 8 de janeiro de 2012

Sem Cura

Hoje sei
Como sempre soube
Um saber imódico
Onde o sabido nunca coube
No que quer que seja que sinto.

Que me adianta…
Hoje a coisa já é tanta,
Que já nem destingo,
O seu tamanho de tão igual
A mais um interno xingo.

Mas é disto que careço.
Mas que corrói a eufonia…
Mas que dor que mereço.
Mas que irónica sadia.
Mas é mais um dia.